Linhas de atuação
Monitoramento
Aéreo tripulado
O monitoramento aéreo tripulado é uma metodologia amplamente utilizada para estimar a abundância e a distribuição da megafauna marinha. Por cobrir grandes áreas em um curto período de tempo, os levantamentos aéreos muitas vezes são mais eficazes e econômicos do que monitoramentos com embarcações.
Desde 2004, o GEMARS vem desenvolvendo pesquisas utilizando essa metodologia ao longo do litoral brasileiro. A toninha, o golfinho mais ameaçado da América do Sul, tem sido a espécie foco dos levantamentos aéreos desenvolvidos pelo GEMARS. Por ser um animal que dificilmente é avistado a partir de embarcações, os sobrevoos permitem avaliar de forma muito eficaz a sua distribuição e abundância.
Ao longo do litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, a equipe do GEMARS já realizou diversos sobrevoos para avaliar a distribuição e abundância da megafauna marinha. Esses levantamentos, vem gerando uma série de informações importantes que podem ajudar a entender de que forma esses organismos utilizam o ambiente e auxiliar nas ações de preservação da biodiversidade marinha.
Monitoramento
Embarcado
O monitoramento de populações e comunidades é um pré-requisito para a efetiva gestão de áreas marinhas. Atualmente, diferentes metodologias têm sido empregadas para o monitoramento da fauna marinha em todo o mundo, sendo o monitoramento embarcado ainda uma das mais utilizadas.
Nesse contexto, cruzeiros de pesquisa têm sido realizados especialmente para estimar a abundância e densidade das populações de mamíferos marinhos. Uma importante vantagem do método é a possibilidade de obter, simultaneamente com os registros, informações oceanográficas dos locais de ocorrência das espécies ou mesmo amostras biológicas das espécies observadas.
Nas últimas décadas, o GEMARS tem participado de diversos cruzeiros científicos voltados ao levantamento de mamíferos marinhos, incluindo estudos na costa brasileira e na Antártica. Mais recentemente, além da observação visual, têm sido também empregados métodos de detecção acústica das espécies de cetáceos, em parceria com o Instituto Aqualie. Estas informações, juntamente com as análises das amostras biológicas, têm sido de grande valia para a caracterização das populações de cada região.
Drone-monitoramento
Veículos aéreos não tripulados (VANTs), também conhecidos como drones, são ferramentas muito úteis para estudar a ecologia e o comportamento de mamíferos marinhos, bem como contribuir para sua conservação e manejo. O GEMARS possui uma equipe especializada em drone-monitoramento que aplica esta metodologia em estudos com diversas espécies de cetáceos e pinípedes.
Utilizando drones, pesquisadores conseguem foto-identificar animais, estudar sua ecologia social, distribuição e abundância relativa, bem como avaliar sua condição corporal, comportamento de mergulho e superfície, entre outros. Drones fornecem uma perspectiva aérea exclusiva dos comportamentos realizados pelos animais com ruído e interferência mínimo e diminuem os custos para a coleta de dados.
O GEMARS utiliza drones para estudar a toninha, o golfinho mais ameaçado da América do Sul e raramente vistos a partir de embarcações. No Projeto Costa das Toninhas, em Ubatuba, famílias de toninhas são monitoradas com drones. Já as baleias-francas são monitoradas com drones no sul do Brasil, onde se avalia a relação entre mãe e filhotes, sua ecologia de mergulho, movimentos e uso de área. A ecologia espacial de lobos e leões-marinhos e sua relação com a topografia da Ilha dos Lobos também é foco de um estudo a longo prazo.
Monitoramento da
Pesca
A pesca possui importância significativa nos esforços em eliminar a fome, promover a qualidade de vida e reduzir a pobreza. Contudo, se não regulada, pode causar o declínio das populações de espécies alvo e não-alvo das pescarias. Interações com espécies não-alvo ocorrem em diversas escalas em todo o mundo, sendo a interação operacional a que causa o maior impacto sobre populações de cetáceos, tartarugas e aves marinhas, e elasmobrânquios.
O GEMARS tem atuado no monitoramento da atividade pesqueira desde 1994, realizando incursões em embarcações de pesca, assim como entrevistas com mestres de embarcações e acompanhando pontos de descarga de pescado. Objetiva-se produzir informações robustas que sirvam de base científica na implementação de políticas de gestão pesqueira e, assim, contribuir com o desenvolvimento sustentável da pesca.
Ajude os projetos de conservação de mamíferos marinhos continuarem!
Monitoramento de
Impacto ambiental
Diversas atividades e empreendimentos humanos podem gerar impacto em populações de mamíferos marinhos e em seus ecossistemas. A avaliação destes potenciais impactos deve obedecer a uma metodologia científica rigorosa aliada ao monitoramento de índices claros e mensuráveis, preferencialmente a médio/longo prazo.
O GEMARS tem atuado na avaliação e monitoramento de impacto ambiental aplicando uma abordagem multi-metodologica, através de monitoramentos aéreos, embarcados, telemetria, drones, entre outros. Esta abordagem permite os pesquisadores disponibilizarem dados científicos sobre quais espécies e populações podem ser afetadas por atividades e empreendimentos, bem como avaliar a magnitude deste impacto e sugerir propostas de mitigação e compensação ambiental.
Ecologia Trófica
O conhecimento sobre hábitos alimentares ou ecologia trófica dos mamíferos marinhos auxilia a entendermos as relações destes animais com as atividades pesqueiras. Estudos de dieta permitem que as presas mais importantes consumidas por estes grupos estudados, assim como suas estratégias alimentares e possíveis variações em escala temporal e ontogênica. Diferentes métodos possibilitam o estudo dos hábitos alimentares, e diferentes aspectos podem ser conhecidos a depender da metodologia executada. O GEMARS se dedica desde 1991 a investigar Ecologia Trófica, e tanto a análise de conteúdo estomacal quanto a análise de isótopos estáveis são metodologias utilizadas pelo grupo de pesquisa.
A análise de conteúdo estomacal depende da coleta dos estômagos de indivíduos encalhados mortos na beira da praia ou capturados acidentalmente na pesca. Esta metodologia tem como vantagem a identificação das presas a nível específico em grande parte dos casos, e permite a estimativa do tamanho das presas através de estruturas mais resistentes a digestão, como otólitos de peixes e “bicos” de cefalópodes (e.g. lulas e polvos)
Os isótopos estáveis mais comumente utilizados em estudos de ecologia trófica em mamíferos marinhos são o Carbono e o Nitrogênio. O conhecimento relacionado a proporção das formas presentes e dos padrões de distribuição dos isótopos estáveis permite mapear sua circulação. Valores de Nitrogênio estão relacionados a posição trófica (que indica o tipo de alimentação dos animais, ex. herbívoros e carnívoros) e os valores de Carbono estão relacionados ao habitat utilizado pelo individuo ou indivíduos analisados. De forma geral, no oceano altos valores de δ15N indicam alta posição na cadeia trófica, enquanto valores mais altos de Carbono indicam utilização de ambientes mais pelágicos.
Ecologia Molecular
Nas últimas décadas, o uso de marcadores moleculares têm proporcionado valiosas informações para a tomada de decisões de conservação e manejo de mamíferos aquáticos no mundo todo. Dentro dessa perspectiva, o GEMARS tem utilizado ferramentas moleculares para auxiliar, especialmente, na definição de unidades de manejo de espécies de mamíferos aquáticos da América do Sul, incluindo a toninha (Pontoporia blainvillei), o boto-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), a baleia-franca-austral (Eubalaena australis), a baleia-minke-anã (Balaenoptera acutorostrata), o lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) e o leão-marinho-sul-americano (Otaria flavescens). Além disso, essas ferramentas têm sido também aplicadas para auxiliar na identificação de carcaças e resolução de incertezas taxonômicas de mamíferos aquáticos, na detecção de fenômenos de hibridização, assim como na compreensão das relações evolutivas entre os diferentes táxons.